quarta-feira, 2 de junho de 2010

No risco do vinil

Bons tempos aqueles que nem vivi. Que saudade me dá dos tempos de antigamente. Anos atrás. Muitos anos atrás, diga-se de passagem. Por histórias contadas, retrospectivas da mídia, leitura em livros, ou outro meio qualquer, deveria ser tão bom viver em outra época. Hoje não tem mais graça. Porém é engraçado. Um engraçado trágico. A “molecada” não faz mais as brincadeiras inteligentes de outrora, e se fazem têm a audácia de registrar em vídeos. Santa ignorância. São criminosos gerando evidências contra o próprio delito. Não sei como era antigamente, mas deveria ser bom. O antigo me agrada. Sempre achei o desconhecido mais interessante.

O hoje nos provém de tecnologia, revoluções tecnológicas e só. Não há o que houvera antigamente. Eu nem sei o que foi o antigamente, mas apreciaria muito conhecê-lo. Queria ir à uma loja de vinis. Mesmo sem dinheiro, ou com o dinheiro que tanto me esforcei pra conseguir. Devia ser bom caminhar num sábado pela manhã até uma lojinha feita de madeira; madeira velha hoje, mas na época soava como nova. O assoalho da loja estalando aos passos lentos de quem olha com afeição todo o acervo musical. Nem gosto tanto assim de música; mas os vinis, ah os vinis.

Me imagino numa livraria em tons de cinza. Um cheirinho de velho que parte do senhorzinho sentado atrás do balcão. Um senhorzinho antipático, mas que prontamente dá todas as informações sobre qualquer livro que venha a querer. São outros tempos, o qual não fui capaz de conhecer. Queria ver o velho ao vivo e não em meras histórias. O velho antigo certamente era bom. Se hoje ainda é. Jornais e revistas são os resquícios de um tempo que já passou, um tempo que já passou e não vivi. Clamo por não perder as folhas manchadas do jornal; o cheiro que arde na mente um desejo pela leitura. Quiçá os livros serão eternos; não queimarão no fogo da contemporaneidade. Ainda para melhor lembrar do tempo que nunca vivi, procuro uma máquina de escrever. Os piores textos, mas que serão escritos da melhor forma possível, sem medo de vírus. Ao invés de música o som das teclas batendo. Pra melhor somente se Johann Sebastian Bach me fizer companhia.

8 comentários:

  1. é estranho essa nostalgia pelo que a gente nem conheceu!! Se eu tivesse nascido em outros tempos, queria ter vivido nas décadas de 1920/1930 ou 1950/60 ... mas talvez seja só uma idealização, é fácil idealizar o passado

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  2. Muito mais fácil idealizar o passado do que viver o presente. Eu gostaria de ter vivido entre anos 60/70. Não menos interessante seria os outros anos. Só acho que no passado as coisas tinham mais sentido; talvez não. Obrigado pelo comentário.

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  3. Oi,estou aqui primeiramente para agradecer o seu comentário extenso e revelador no meu blog. Bom,só pra responder eu entendo tudo o que disse e sei que o seu pensamento representa o que pensa a maioria do seu povo.Seu povo,sim, visto que não se consideram brasileiros,respeitam mais a bandeira e o hino do seu estado,enfim só desejo que a região tão descriminada do norte consiga com todo o sacrifício do dia-dia sobreviver sem aquilo que vocês colocam quase que como esmola.Mas,enfim...

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  4. PÔxa, já disse isso mas não custa repetir: eu viajo com seus textos e a estrada é sempre mágica! Consegui imaginar os detalhes da livraria que descreveu...
    Muito bom, moço!

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  5. Ops, acho que sou antiga - eu fiz parte da época dos vinis!!! Nossa, como era bacana! Toda semana eu juntava minha mesada e ia na loja comprar um disco. Tinha uma coleção, que de vez em quando tirava da capa para lavar com detergente, pelo menos a cada dois meses. Imagina colocar um disco pra tocar com marcas de dedo ou poeira... a agulha iria sentir, com certeza!
    Eu achava aquele tempo muito bom, lembro com carinho e de vez em quando dou uma visitada em pensamento, como agora. ;)

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  6. Primeiramente, é bom remeter as pessoas à um tempo tão bom. Eu imagino como deveria ser. O presente nunca parece ser bom o suficiente. hahahaha
    Obrigado pelos comentários. Sempre muito grato.

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  7. Ah, eu penso diferente... o passado foi bom, cheio de lutas e tal. o meu foi otimo, muitas farras na adolescencia e tal... mas amo muito mais o meu presente. Tento focar no futuro me preparando agora, psicologicamente, intelectualmente, fisicamente, sonhadamente... quero o futuro. Não q seja meio futurista, como alguns loucos artistas, se fazendo em movimentos. o futuro pra mim é mais que movimentos, mais que atitudes... é tão mais, tão mais que o presente, mais, mais, que nem sei...

    nem sei é bom. Gosto de nem sei. Quando já sei de tudo... fica meio monótono sabe.

    Escrevi um pequeno livro da minha pequena vida. Ainda ei de publicá-lo, mas não pra mim, para pessoas que estão na idade da menina do livro. Eu? nem vou abri-lo mais. Vou fazer outro, só de "nem sei". =]

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  8. Realmente o passado não é tão importante, mas mais "consolador", penso eu. Sei lá eu gosto. Com certeza 'nem sei' é melhor; saber de tudo é muito chato. Muito mesmo. Prefiro ser surpreendido, apesar de muitas surpresas serem frustrantes.
    Obrigado pelo comentário e pela visita. Grato.

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