quarta-feira, 14 de abril de 2010

Como escolher seu lugar no ônibus.

Parece fácil, mas o que poucos sabem é que é uma tarefa árdua. Eu mesmo, há pouco tempo não tinha muita noção do que fazer ao entrar em um transporte coletivo; a única coisa que me passava pela cabeça é o grande constrangimento que deve ser sentar ao lado de alguém que não se conhece ou não se suporta. Pois bem, com o passar do tempo vejo que existem algumas táticas para escolher um lugar no ônibus, talvez nem sempre seja o melhor, mas com certeza o menos pior.

O primeiro passo, primordial para que o resto da viagem corra bem é não sentar ao lado de quem não se conhece (e não se tem intenção alguma de iniciar um relacionamento) quando há ainda lugares livres; por isso ao entrar no coletivo há de se ter uma certa manha para analisar todos os assentos em menos (muito menos) de um minuto, antes que todos o reparem e pensem: - O que esse mané tanto olha? – se isso acontecer nada mais importa, basta sentar em qualquer lugar e torcer para não ser linchado. Se a agilidade de nosso passageiro for boa o suficiente para identificar os assentos livres então continue, escolha o de mais agrado e aproveite.

A simplicidade é apenas ilusória. Não pense que ao escolher e sentar no assento o trabalho está terminado; é ai que ocorre o engano. Dependendo do dia – de como está o humor – é também preciso lutar de forma constante e árdua para evitar chatos faladores ao lado. A melhor alternativa é deixar uma mochila, casaco ou algum pertence – que seja grande e visível, para quando o outro passageiro ‘analisar’ os lugares vagos – sobre o banco vazio. Muitos vão achar ofensivo, afinal está tirando o lugar de um outro passageiro, portanto só faça isso se o ônibus tiver pelo menos mais três lugares livres. Há também quem pouco ligará para suas coisas e chegará gentilmente – mas apenas pensando em te ferrar – perguntando: Com licensa, posso retirar tuas coisas para me sentar? – é, é...n.. – ah, muito obrigado. (pois é, eles se aproveitam da boa educação que a sociedade nos exige). Se realmente o lugar for tomado por outro indivíduo, lembre-se: foi ele quem optou por sentar ao seu lado, logo não há obrigação de puxar assunto, ele que escolheu, ele que o faça se achar necessário. A alternativa para ‘cortar’ o ‘amigo’ é colocar os fones de ouvido ou ler uma revista; se nada adiantar ainda pode-se usar do velho: - pode calar a boca? Mas ai prepare-se para sair no soco. Embora na maioria das vezes ninguém tem vontade de puxar assunto com um desconhecido, há sempre os dias que estamos de bom-humor e suportamos tudo de cabeça erguida, portanto se está em um dia como esse, aproveite! Fale, puxe assunto, marque uma janta na casa da vó do seu ‘colega de buzão’ ou simplesmente pergunte como vai sua vida.

Muitas vezes damos sorte e encontramos assentos vagos ao lado de gente que conhecemos e, quase sempre, há muito assunto para conversar; porém é importante lembrar que assim como pode ser um tormento alguém sentar ao seu lado e falar, falar e falar, o vosso caro amigo pode pensar e estar passando pela mesma situação, portanto: fale o mínimo possível e apenas o ‘necessário’. Claro que existem casos onde a intimidade é maior, então esqueça isso e vá conversar. O importante é lembrar que o ônibus é um transporte e tem como intuito transportar (dã), não é um shopping, clube ou algo do gênero que há de se conversar e fazer amigos. Ninguém se importa com o que aconteceu contigo no fim de semana ou se sua mãe continua viva; pelo contrário, as pessoas odeiam o fato de ter que escutar histórias do cotidiano dos outros, afinal elas passam por coisas parecidas todos os dias. Deixe as conversas para os amigos de verdade, aqueles que estão contigo por vontade e não por obrigação. ‘Colega’ de ônibus é que nem família: não se escolhe. Com tanta violência nos dias atuais, as pessoas têm medo de quem fala muito, de quem se aproxima de mais. Deveriam deixar um aviso, instruções básicas na entrada do coletivo: Passo 1 – escolha seu lugar / Passo 2: sente-se / Passo 3: Shhhhhhhh, não fale!!! Fazer o que, as pessoas tem uma certa necessidade de interagir umas com as outras.

Lembro que estas dicas são para pessoas psicóticas e chatas como o humilde escritor. Se és uma pessoa normal, gosta de fazer amigos, valoriza a boa eduação dos outros e gosta de viver em sociedade, esqueça tudo. Não faça de uma viagem uma grande paranóia.

6 comentários:

  1. Grande texto!

    Isso que é escrever, situações do cotidiano que com a pitada certa de humor e sarcasmo se transformam numa bela crônica.

    boa velho!

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  2. Com certeza! Eu tento. Apreciei muito este texto. No começo, para mim uma ideia que não traria um bom roteiro, mas no fim gostei. É uma das coisas que gosto de ler e porventura escrever.
    Agradeço por acompanhar meu velho.
    Abraços

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  3. O bom mesmo é sentar-se ao lado de chatos, munido com um fone e um mp3, acopla-lo (o fone) aos ouvidos e ignorar por completo o chato, que por ventura, deve entender que é chato.
    ahsuahs
    Bom texto mais uma vez, meu caro.

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  4. Verdade. Aos chatos faça-se entender sua peculiaridade de incomodar os outros.
    Então: obrigado mais uma vez, meu caro.

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  5. Adorei o texto...
    Pior do que escolher lugar em ônibus, é perceber que não há lugar para vc dentro dele e que, mesmo assim, é sua única opção para voltar para casa...

    Gostei do seu blog, obrigada por visitar o meu ;)

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  6. Putz, isso é verdade. Esqueci dessa observação. Moro numa cidade pequena e é difícil acontecer isso por aqui. Falha minha. hasuhasuashaus

    Obrigado!

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