sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Qual fim vai querer?

Vou facilitar o trabalho da Morte. Cuidarei de cada detalhe para que nada saia errado. Fumarei até o último maço de cigarros, beberei até o último cálice e pra matar a fome o McDonald’s é logo em frente. Dormirei descoberto e com a janela aberta. Deixe que o vento bata e que a chuva caia, pois eu continuarei nos meus graciosos sonhos (graças aos remédios tomados sem prescrição).

Nada de carro elétrico, nada de papelzinho no lixo. Meu almoço será no fast-food. Passarei longe de escadas para eu andar somente o necessário. Fugir dos esforços será minha meta, nada de pensar, afinal pra quê serve o computador? Entre algumas tragadas, falarei da miséria da minha vida e pensarei no último capítulo da novela. Estragando-me aos poucos, penso estar vivendo. Nada de paciência ou calma, o stress pode matar – é bom. Trabalho pra casa sim. Minha casa é uma p#rr@ do mesmo. Nada de cachorro, crianças, família. Só me restam os chatos, aqueles chatos dos vizinhos, gritando, correndo, incomodando – mais um ponto pro stress.

Essa é minha vida moderna, esta será minha nova vida, a vida em busca da morte. Sem cuidados ou precauções. Viverei sem romance, apego e chutarei para longe qualquer sentimento que se aproximar.

Continuo buscando a morte, é o que me resta. Amanhã acordarei estressado, fumarei o que puder no começo da manhã, iniciarei minha agenda em busca da morte. Cronograma marcado, pacto cerrado, agora é cada um por si.

Ponto cego da vida, onde nada mais enxergo e como num fim trágico um ou dois chorarão sobre minhas cinzas, sim, pois jamais pagarei para que me enterrem. Minhas cinzas sumirão ao vento de uma manhã chuvosa, no bueiro de uma viela qualquer e com pouco suspense todos saberão que eu ajudei a morte, que foi eu que a escolhi e não o contrário. Eu decretei minha morte, e ninguém mais, eu me mandei em vida e me mandei em morte. Que assim seja.

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