quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Propaganda

Ainda há aquelas que salvam. Sim, algumas propagandas têm o poder, por assim dizer, de nos livrar do mal contemporâneo. Pois se já não bastasse a interrupção desconfortante que há na programação televisiva, ainda nos põem de frente com “activias” da vida. Talvez esteja me iludindo ao pensar que meus tempos de criança trouxeram-me muito mais graça tratando-se de criatividade, muito embora os fatos me deem razão. Pra piorar – como se tivesse jeito – não mais se passa uma vez por intervalo a publicidade de um produto; são inúmeras as vezes. É muito contraditório uma emissora de televisão que prega frases como: “feita para você” – perdão, existe mesmo alguma emissora que fala isso? Acho que já ouvi – viver para os patrocinadores. Entendam-me que não há aqui um mal julgamento, todos precisam de ganha pão, mas compreendo ser errado essa “auto-propaganda” enganosa.

Vejam bem, existem algumas emissoras de televisão que empregam muito bem seu tempo comercial, dividindo democraticamente o interesse e entretenimento do telespectador com o interesse capitalista da empresa. Por outro lado, há quem divida o tempo tão “contra” o telespectador, que não sabe-se ao certo se acompanhamos um programa com intervalos ou um “tele-shop” com passagens de diversão. Pouco sou, e isso compreendo, perante os milionários da TV, entretanto, sinto-me injuriado quando levo uma hora para assistir um programa de quarenta minutos. Normalmente durmo nos intervalos, isso é fato. Programação de graça dá nisso.

Faça-se pouco caso da humildes emissoras e vamos ao que interessa. Mais do que qualquer um que impões tempos absurdos de intervalos, é agravado o caso de publicitários sem criatividade; já pensaram em cursar administração? – longe de mim fazer melhor, por essa e por outras que nunca levei adiante a ideia da publicidade. Há tanta coisa boa nesse ramo, e graças à esses – como já citado no princípio de tudo – é que continuo gostando de assistir propagandas. Os bons não são apagados pelos “maus”. Com toda sinceridade, não sei se me sentiria feliz fazendo alguns comerciais que giram a telinha do país. Não desmereço o trabalho de ninguém, afinal o pão não provém apenas daquilo que se tem gosto, mas minha opinião não muda.

As propagandas de rádio são tão diferentes. Notam o quão melhor é a narrativa de um jogo de futebol na rádio comparado à TV? Pois não dizem que um sentido é aguçado quando outro se perde? Fazer propaganda criativa – não apenas anúncios – para rádio, provavelmente requer uma criatividade tão mais apurada. Trata-se dos meios. Um requer mais que o outro. Na televisão qualquer bunda vende uma cerveja, no rádio, nem palavras proferidas pelos lábios carnudas de Angelina Jolie teriam essa persuasão. Alguém já viu uma revista tentar vender um produto através de um texto? Não? Eu não. As imagens é que vendem. Talvez seja este o problema de darmos tanto valor para a aparência e não para o “ser” do ser. Eu realmente fico impressionado com o alto teor de pessoas manipuláveis que habitam este planeta. Se eu tivese um desejo, pediria que todos os seres, os humanos, para precisar, tivessem o máximo possível de instrução, conhecimento e, olha só, vontade de aprender! Pensando bem, eu precisaria de dois pedidos, um para pedir que eu fosse uma pessoa super altruísta, assim não usaria meu pedido pra enriquecer ou trazer conhecimento somente para mim; muito embora dois pedidos pudessem fazer estrago maior ainda, poderia usar ambos para proveito próprio! Isso é um ciclo interminável, é melhor ficar sem desejos. Pra finalizar, aspiro que tenhamos alguém que presida o país com alguns dos desejos de um “eu” super altruísta. E se essa pessoa usar seu poder apenas pra seu benefício também? Tudo bem, estamos perdidos, e agora isto é o fato. Talvez ao menos consigamos alguém que saiba ler e escrever. Será? Acho que não; ta ai a televisão mais uma vez! Voltarei ao comercial do Activia, melhor isso do que a “cagada” das pesquisas eleitorais.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Talvez todos me entendam quando falo de passado. Não um simples passado, mas aquele ajustado. Ajustado ao melhor jeito que qualquer um pudera imaginar, ajustado a forma que qualquer um já sonhou. É no mínimo engraçado como conseguimos tomar decisões certas na teoria; parece muito mais fácil encontrar os erros depois que tudo já passou, admitir o equívoco depois de rever o “replay”. A vida não passa de mais um jogo de futebol, a diferença é que não temos apenas um Arnaldo Cezar Coelho palpitando; temos pelo menos dez. Depende da popularidade. Vez que outra fico imaginando tantas situações que já passei, e rio em silêncio perante cada idiotice que já cometi, muitas que ainda estão fresquinhas na memória. Eu sempre tive um certo problema com lembranças, e não que me são ruins, simplesmente porque pouco as tenho. Dificilmente lembro das coisas quando preciso, mas isso é assunto pra outra hora. Poderia ser muito mais fácil se pensássemos claramente antes de qualquer atitude, embora não tivéssemos, assim, muitos motivos para estarmos aqui. Deveras precisamos testar nosso “inconsciente”, nosso lado que não pensa.

Imaginar como serão as coisas lá pra frente é mais ou menos como lembrar o passado, seria melhor se todos fossemos “esquecidos”. Confesso que tantas são as vezes que imagino o amanhã, porém ao mesmo tempo admito que estou feliz com o presente. Muita coisa ajuda pra isso, mas o mais influente é minha própria mente. Eu tenho tanta pouca idade e já fiz tanta coisa, nada marcante para os outros, mas sim para mim. Coisas que nem lembro, contudo fazem parte da minha vida. Eu imagino, por exemplo, como estavam as coisas um ano atrás, mas nada parece ser tão bom como o hoje; talvez a experiência é a melhor coisa. Eu gostaria de experimentar muito mais coisas, não sei certo o que, mas queria encher muito mais meu arquivo de experiências.

Eu lembro, ainda que meio embaçado, aquele texto que li há anos, aquela música e mesmo aquela conversa, e isso só me dá vontade de fazer mais disso, de ter muito mais pelo que lembrar amanhã, mesmo sendo algo ruim. Eu vejo como tudo está hoje, e talvez não seja algo ruim, por mais que eu reclame. Eu tento aprender a aproveitar ao máximo, e os últimos tempos, misturados com minha maturidade – e até com a infantilidade – estão me ajudando muito nessa “missão”. Tem gente que sonha comprar um carro, uma casa, eu sonho em ter experiência, talvez até comprasse alguma.

Eu comprei uma máquina de escrever, e alguns até dizem: “que bobagem”...”fazer o que com isso?”, eu respondo, ter a experiência de escrever de um jeito diferente, e assim é a vida, é muito mais que digitar no Word, é também escrever à mão, na máquina de escrever e até ditar. Loucura? Talvez, mas muito mais é diversão, é experimentar todos os tipos de cerveja, escutar todos os tipos de música e ouvir sobre todos os tipos de religião; acho que isso é viver. Pra mim ao menos, pros outros eu já não sei. Eu só sei que viver é muito mais do que se vê por ai, pelo contrário, viver é o que não se encontra, é inovar, conhecer e degustar. Alguns chamam de viagem, é tudo a mesma coisa.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Impotência

Embora exista tanta coisa ruim, acho que nada pior do que a impotência. Não falo da impotência sexual, essa que é tão malquerida, principalmente por velhos de guerra e também “jovens-bomba”. Eu falo sim é da impotência sobre outra situação, mesmo estando tudo meio ligado. A impotência sexual não passa de uma incapacidade em aumentar a felicidade da outra pessoa, uma felicidade que muitas vezes já existe e só não se consegue ampliá-la. O ruim mesmo é se sentir impotente no dia-a-dia e não na cama. Perverso é se sentir impotente, muito embora a força, o talento e, principalmente, a vontade se fazem presentes.

A impotência é muito mais que um estado físico; pra mim é mais um estado mental, espiritual ou qualquer merda do tipo. Nos tornamos impotentes quando vemos que além de nós existe um universo; não o controlamos. Isso até é fácil pra mim, pode-se dizer que entendi, ou venho entendendo isso há muito tempo, porém é ruim lidar com essa “descoberta” dos outros. A impotência é algo que não desejo nem ao meu algoz. A impotência sexual, essa sim qualquer um pode ter, afinal hoje até com genérico se recupera a libido. Quero ver inventarem remédio pra essa outra impotência; talvez basta o conhecimento, mas mesmo assim não é fácil. Quiçá noutro mundo não exista a falta de habilidade em lidar com tantas situações. Eu sou, ou melhor, eu estou impotente.