segunda-feira, 12 de julho de 2010

O homem chora

O homem chora e não diga que não. Os motivos do homem que são meio bestas, talvez mais bestas que os da mulher. O homem chora quando o time perde, chora quando perde o “amor da vida”, chora e depois mata. O homem não perde a razão, chora porém também briga. Derrama lágrima sempre junto com sangue. O homem chora, e isso é um absurdo. Não sei quem falou que “homem não chora”, isso é um absurdo maior ainda. A natureza disse certo dia, que o homem precisaria ser forte, defensor da mulher; quanto à isso eu concordo, muito embora o homem também possa ser fraco.

Mulher não precisa comprovar a feminilidade – ou até precisa – mas homem não, o homem “necessita” disso; necessita mostrar e aparecer com sua virilidade e nada mais. Quem disse que homem não chora? Viado é uma coisa; homem seguro o suficiente pra não se importar com o que os outros pensam é outra bem diferente. Já dizia alguém: “viado é quem dá a bunda” (perdão pelo palavreado). Homem chora. Ninguém pode, nem deve negar. Ninguém discorda do horror que é um homem chorando, mulher até é bonitinho. Depende. Homem chora por futilidade, mulher, muitas vezes pela realidade. Nem sempre.

...

Maurício estava sentado na mesa ao lado dela, chorando. Rafaela, ainda não sabia o nome dele. Não sabia como abordar um homem choroso, pensou até em sair dali, contudo não conseguiu. Oferecer um lenço seria coisa de mulherzinha; “talvez oferecer um peito?”, muito apelativo. Aposto que iria gostar. Talvez fosse viado. Por sua barba mal feita provavelmente não. Mas o peito continua sendo apelativo. “Oferecer um abraço?”, muito ‘coisa de menininha’. Um copo de cerveja, isso sim não tem como ele negar.

“Oi, posso me sentar?”, “já sentou, não?”. – oh falta de educação, vontade de tacar essa cerveja na fuça dele, pensou ela. “Aceita uma cerveja?”, “o que tu quer?”, “conversar”, “tudo bem, só vai oferecer a cerveja mesmo?”, “por enquanto sim. Andou cortando cebola?” – oh piadinha sem graça, agora a vítima do copo de cerveja poderia ser ela. “não teve muita graça, mas não, não. Briguei com minha namorada e meu time perdeu.”, não é viado, pensou. “tava te olhando ali de longe, e gostei de ti, posso te ajudar em alguma coisa?”, “quer ir lá pra casa”, ousou ele.

Foi ai que descobriu que ser apelativa pode ser bem mais simples, mas não mais adequado. No outro final de semana o time dele ganhou e a namorada ligou. Maurício e Rafaela nunca mais se falaram. Ela se arrepende de desperdiçar dois e cinquenta da cerveja até hoje, mas pela noite valeu. “Homem não presta mesmo, chora, mas não presta”, saiu resmungando ela.

6 comentários:

  1. Ué, do que a moça reclama? Foi ela que abordou o rapaz. Depois não adianta dizer que não presta, isso é feio.

    Ver um homem chorar me comove, talvez porque não isso não seja muito comum. Dá vontade mesmo de tentar ajudar, de acolher.

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  2. É que nem homem que vai atrás de mulher e depois reclama; é praxe.
    Verdade que um homem chorando não é muito comum. Ao menos na frente de outras pessoas. Melhor ajudar do que rir, né? hahahahahaha
    Obrigado pela passadinha aqui.

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  3. Já dizia o sábio analista de Bagé: "isso é tudo culpa das calças jeans". Antes delas homem não chorava e não havia o Luan Santana.
    saushausah
    Mas enfim, piadinhas a parte, belo texto, estás refinando a escria, meu caro.
    Deixe-me tecer um comentário, há de se chorar por amor, por dor, por alegria, ou por chorar. O certo é que há de se chorar sendo homem ou mulher.
    Eu choro, admito.

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  4. Putz, bons tempos sem Luan Santana. hahahaha
    Obrigado pela visita e pelo comentário.
    Com certeza chorar é tão válido para mim, como sorrir; embora sorrir seja muito melhor e se possível deve ser feito com MUITO mais frequência que o choro. Valeu rapaz.

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  5. Então ela foi para a casa dele?

    Ótimo : certeza de que era essa a intenção, só que, como a maioria das mulheres, a Rafaela escolheu o caminho mais longo para chegar ao ponto. Por essa e outras que sou fã da objetividade masculina.

    Rs

    ℓυηα

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  6. Quisera eu que todas as mulheres gostassem da 'objetividade masculina'. Para uns perderia a graça; para outros economizaria tempo. Mas eu mesmo não gosto muito da 'objetividade', porém muito menos da complicação que se dá a uma abordagem tão simples. Obrigado pelo comentário e por vir ao Blog.

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