Conversavam Passado e Presente. No centro das atenções estava o Futuro, mais especificamente a preocupação que ambos tinham com o Futuro. Em princípio, a conversa tinha aspecto rígido e áspero. Era sério. Mas foi inevitável, para eles, darem boas gargalhadas ao tempo que viam o futuro se aproximar. Tanto um quanto o outro exploravam suas vantagens, fazendo um show de exibicionismo para com o Futuro. O Passado, com toda sua experiência, se gabava por ser o mais velho entre os três e por ser tão lembrado. O Presente, por sua vez, não deixava de falar que ele era quem importava, afinal ele que fazia acontecer. A palavra agora ficava com Futuro, os dois outros se calaram, esperando o que tão jovial indivíduo teria a falar. Mas ele nada falou. Passado e Presente não hesitavam nas gargalhadas. Pobre Futuro. Pois foi então, após alguns minutos, que o mais jovem da turma coçou a garganta e iniciou: “bem, Passado. Eu o respeito por tua história, o respeito por tua idade, e principalmente o respeito por tua importância. Porém, o que passou, passou. Tu não passa de um rascunho, para que eu seja perfeito, como sou. Se tu às vezes traz lembranças, eu, toda hora trago expectativas.” E foi então que o Passado se calou, constrangido. A ousadia do Presente foi visível, afinal, era de fato sua característica mais marcante. Ousadia nas gargalhadas que soltava contra o Passado. Para surpresa de todos, o Presente não durou muito. O Futuro novamente se rebelou e proferiu ao nosso amigo: “ora, ora, Presente. És uma dádiva de Deus. És o que todos gostariam de ser; ousado, arriscado, emocionante, ágil. Não tem medo; faz e acontece. Porém, tua participação é tão mínima que poucos lembram de ti. Até o passado é mais importante. Passam por ti e nem reparam. Agem como se tu fosse apenas um intervalo entre Passado e eu, e nada mais. Tua importância é insignificante para as pessoas. Acredite, eu devo mais ao passado do que a ti.” Presente, por sua vez, calou-se. E o Futuro finalizou: “todos me dão mais importância do que realmente tenho, fazem expectativas que não deveriam existir, e nem por isso me gabo. Sou incerto, indeciso e às vezes até atrapalho, mas o mais importante é que eu sou fruto dos erros de vocês e, deste modo, trato de ajeitar todas as bobagens que vocês causam, portanto, eu sim tenho a importância que nenhum de vocês jamais terá.” Nada mais falaram, cada um foi para um lado e decidiram nunca mais se encontrar. O Passado continuou na lembrança, o Presente tentou ser mais importante, porém ainda ninguém ligava e o Futuro seguiu convivendo com os erros dos demais e carregando o peso de tanta expectativa nas costas. Alguns contam que anos mais tarde o Presente tentou suicídio, mas sem sucesso.
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