quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Esquecendo

Se eu tentasse unir todas as ideias num pedaço de papel, seria inevitável que inúmeros fatos passassem batidos. São tantos pensamentos constantes, tantas visões passageiras, pensamentos que simplesmente se esgotam por falta de cultivo. Há de se entender que o número de informações recebidas é imensamente maior que o útil e, constantemente, o filtro da minha cabeça falha ao separar o lixo. Imagine se escrevesse a história da minha vida; será que contaria tudo que gostaria de contar? Duvido muito. Às vezes eu leio uma porção de coisas, mas não sei dizer o que de fato quero sobre as leituras. Quantas vezes quis citar autores, trechos ou simplesmente os títulos, entretanto era como se os livros jamais tivessem estado sob meus olhos. Acho que é simples falta de concentração. Agora mesmo tento lembrar-me de um livro, algo recente que eu tenha lido, me vem muita coisa à cabeça. O esquecimento parece não ser tão rigoroso assim.

Talvez, e muito provavelmente, a seleção “natural” das informações não seja a melhor saída. Mas alguém sabe burlá-la? Sinceramente não creio que as dicas da televisão resolvam alguma coisa. Eu simplesmente esqueço e, embora reclame, isso torna as coisas mais emocionantes. Sinto, de fato, quando o conhecimento e as informações descem ralo abaixo; por vezes tomo até como perda de tempo o estudo que tive para obter aquilo, mas não, a fração de tempo que fui contemplado pelo conhecimento já é válida.

Vejo pessoas que não querem envelhecer, eu cismo por não esquecer. Será possível? Meu intelecto tem chances mediante o esquecimento? Talvez tenha. Gozo, ao menos, da possibilidade de manter o saber vivo. O meu saber que vale mais que mil poções de “imortalidade”. Afinal, meu corpo pode perecer, contudo o espírito jamais, com ele ficará todo o meu saber.

Eu acredito no esquecimento, mas então por que não esqueço aquilo que quero? Por que lembranças do meu saber vão embora, mas lembranças que entristecem vêm à tona? Dizem alguns, que o esquecimento da infância é por ter sofrido algo traumático. Eu não tive uma infância traumática, mas por que não a lembro? E outra, por que os verdadeiros traumas não vão embora? Queria eu controlar com perfeição todo o esquema da memória. Talvez eu não queira esquecer, mas são lembranças que embaraçam, dão um friozinho na barriga e muito pouco trazem alegrias. Pergunto-me ainda, por que coisas que passaram, pensava eu até estarem enterradas, voltam? Vêm à tona lembranças que não quero esquecer, mas seria melhor se não as lembrasse. Como na leitura de um livro, posso não lembrar os mínimos detalhes, entretanto o sentimento da história continua vivo, de forma a desencadear uma série de conflitos. Faz parte da seleção, uma seleção que com certeza eu não teria coragem de fazer. O esquecimento faz parte, mas ainda não sei se quero ou não tê-lo.

4 comentários:

  1. Xiii, estou no mesmo barco. Minha ideia principal é que a gente é bombardeado com muitas informações o tempo todo e precisa dar uma filtrada e não guardar tudo, senão não há memória que segure.
    Ajudei?

    Beeeeeeeijo, Marco! Bom fim de semana pra ti...

    ResponderExcluir
  2. Eu não consigo filtrar. Simplesmente esqueço o que não quero. Pedir pra mim lembrar de algo é furada. hahahahha Se esse filtro funcionasse seria bem melhor ai escolheríamos o que esquecer e não aconteceria de forma aleatória. Claro que sim.

    beeijo. o fim de semana já passou e foi bom, mas então: boa semana pra ti!

    ResponderExcluir
  3. Do que não quero, lembro
    do que preciso, esqueço.
    Quando achar a solução, ligue-me. ;-)

    Beijo Marco!
    PS: Eu havia esquecido de vc! Fazia tempo que não escrevia, moço. Não suma.

    ResponderExcluir
  4. Acho difícil solução. Hahahahaha
    Pois é, tava meio sem tempo/vontade/inspiração; ainda to sem muita inspiração, mas tempo às vezes tá sobrando um pouquinho mais. :D

    beijo.

    ResponderExcluir